Piteco Ingá / Resenha
Por Sr. Seu Panda, do site parceiro Cruzador Fantasma.
Já imaginou um personagem idealizado para o público infantil fazer sucesso com o público leitor de quadrinhos hardcore?
Em Piteco – Ingá, a última graphic novel da primeira fase da coleção Graphic MSP (Sim queridos, teremos mais graphic novels da MSP em breve).
Até o momento, a coleção conta com Ingá – Piteco, da qual falaremos agora, Astronauta – Magnetar, Mônica – Laços e Chico Bento – Pavor Espaciar.
Em Piteco – Ingá temos uma história com mitologia própria que aproveita a brasilidade do folclore brasileiro de uma forma incrível, tudo isso graças a genialidade do cartunista paraibano Shiko.
Shiko consegue pegar um personagem carismático como Piteco e levá-lo a um novo nível conseguindo atingir leitores mais adultos, agregando a isso uma excelente história, inserindo elementos da cultura nordestina e locais que realmente existem como a Pedra do Ingá, um dos monumentos arqueológicos mais importantes do mundo.
Fora esse monumento importante, nós podemos perceber na história de Piteco – Ingá, seres que fazem parte da cultura e do folclore brasileiro revisitados pelo autor, o Curupira, chamado nessa história de Arapó-Paco, o Boitatá, chamado de M-Buantan e o Anhanguera, um Pterossauro encontrado no Brasil e na Europa.
Além dessas figuras mitológicas fortes que conhecemos, Shyko ainda pegou emprestado o Camazotz (que significa Morcego da Morte na língua Maia), o Deus-Morcego. Fora isso, o autor ainda consegue criar personagens e características próprias das tribos utilizadas na graphic novel.
A caracterização dos personagens é um dos pontos fortes do quadrinho, Piteco passa a sensação de caçador perfeitamente, a Thuga é outra que chama bastante a atenção por ser mais gordinha e mesmo assim ter curvas sensuais na medida certa, além dos personagens secundários como Beleléu e a Ogra que estão primorosamente adequados a realidade dessa história.
Shyko não deixa a curiosidade parar de crescer a cada nova página lida. E realmente o público visado pela graphic novel é o adulto, visto que existem algumas cenas violentas, com direito a sangue voando, e figuras femininas bem desenhadas e sensuais em alguns quadros.
A história é curta, mas cumpre seu papel de divertir e segurar a atenção do leitor durante seu decorrer, além de ser bem fechada. Mas se não há necessidade de uma continuação para ela, Piteco – Ingá, certamente (ao lado de Astronauta – Magnetar e Turma da Mônica – Laços) merecia uma parte 2, pois com certeza agradou e muito os leitores adultos que conhecem o personagem desde crianças.
Além da história, podemos ver nos ‘extras’ dessa graphic novel as thumbnails da história, uma capa que foi rejeitada e estudos dos personagens. Vale a pena dar uma checada e ver a evolução da Ogra, por exemplo, que teve muitos esboços até chegar ao resultado final que você pode ver na história.
Piteco – Ingá é daquelas histórias que dão a sensação de quero mais e espero que, na fase três da Graphic MSP, tenhamos uma segunda história com o personagem Piteco.
Parabéns à equipe por trás dessas graphic novels e por conseguir mais um feito histórico pro quadrinho nacional com essa história tão rica e tão brasileira que com certeza chama a atenção pela qualidade e carinho que os artistas envolvidos tiveram ao produzir seus materiais.